Vento que passa


Vento que passas  Nos pinheirais  Quantas desgraças  Lembram teus ais.  Quanta tristeza,  Sem o perdão  De chorar pesa  No coração. E ó vento vago  Das solidões  Traze um afago  Aos corações. 
À dor que ignoras  Presta os teus ais,  Vento que choras  Nos pinheirais.
Sopra o vento, sopra o vento,  Sopra alto o vento lá fora;  Mas também meu pensamento  Tem um vento que o devora.  Há uma íntima intenção  Que tumultua em meu ser  E faz do meu coração  O que um vento quer varrer; Não sei se há ramos deitados  Abaixo no temporal,  Se pés do chão levantados  Num sopro onde tudo é igual. 
Dos ramos que ali caíram  Sei só que há mágoas e dores  Destinadas a não ser  Mais que um desfolhar de flores.

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