Dando a volta ao mundo


.Ja se passaram uns bons memoráveis anos e todavia me recordo daquele aniversario onde ganhei um único presente. Não sabia se chorava ou ria. Minha curiosidade era saber se minha irma tinha ganhado da mesma cor que o meu e resultou que sim. Afinal eramos gêmeas e tínhamos que caminhar  e ganhar igual, segundo as freiras do colégio onde vivemos nossa infância.
Necessitava desse presente como nada no mundo.Era meu companheiro de caminhada.Se levantava e ia para cama comigo.Tirávamos só para ir nadar no rio, trepar nas arvores de jabuticaba, goiabeira  e tomar o banho gelado nas manhas calorosas de Pirajuí  Eventualmente quando cansadas, não tinha como evitar os tropeções que tínhamos com ele nas ruas empedradas e empoeiradas do interior. Todas minhas amiguinhas do convento tinham iguais, e na escola já sabiam de onde vinhamos porque eles nos denunciavam.No final do dia, todas os abandonavam na escuridão do nosso quarto.Nos domingos, quando o calor era demasiado, a ordem era usa -los para ir a igreja, onde muitas vezes queria substitui-los, mas como não tinha muitas opções ele me acompanhava pra cima e pra baixo.Confesso que sentia envergonhada quando as garotas que não eram do colégio de freiras, olhavam para mim e para ele, pois isso revelava onde tínhamos caminhado.Os anos passaram, cresci e ele também envelheceu e mesmo assim ganhou sua fama. Ha cerca de oito anos atras, caminhando na Oxford Street em Londres com minhas filhas, o vi e fiquei impressionada onde chegou. Estava se exibindo junto com as jovens modelos brasileiras e conquistando o coração das europeias em uma dessas vitrines famosas.Se ele pudesse falar, provavelmente diria algo para mim.Comentei do meu relacionamento com esse companheiro para minhas filhas e elas quase se mataram de rir.Recentemente, em um hotel, onde as obras de artes estavam estampados nos corredores, paredes e nos pisos, adivinha quem encontrei?La estava ele, apoiando a noiva, aliviando o cansaço depois de um dia especial, como fez comigo em muitas ocasiões.Aquela tarde,ele me tirou um sorriso enquanto sentada estava saboreando um sorvete com meu esposo e o vi desfilar triunfante na passarela daquele carpete florido e macio que teve  o prazer de limpar a sola do inesquecível  Havaiana.
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1 comment:

KatenTescqro said...

Marli querida que história linda e muito bem contada fiquei curiosa ate o final da leitura, e me lembrei de uma passagem da minha infância com o mesmo personagem .Não conhecia seu blog, vou acompanhar. Beijao com cainho.
Kate Tescaro